O Congresso de Sementes das Américas, que acontece até quinta-feira, dia 4, no Mabu Thermas Grand Resort, em Foz do Iguaçu, está revelando como a tecnologia de melhoramento genético redefine o futuro da agricultura. O doutor em ciências biológicas Carlos Croco, especialista em biologia molecular de plantas e fotobiologia, trouxe ao evento ideias sobre inovações que prometem revolucionar o desempenho e a resiliência das culturas. Organizado pela Seed Association of the Americas (SAA), em parceria com a Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), o congresso traz ao Brasil um dos debates mais estratégicos do setor, com foco em inovação, segurança alimentar e preservação ambiental.
Croco enfatiza que as sementes de hoje estão longe de serem “todas iguais”, como muitos podem pensar. “Cada uma tem um potencial diferente de expressar seu melhor rendimento em um ambiente determinado”, afirma o pesquisador. Ele explica que o foco principal agora é otimizar a produtividade no mesmo espaço. “Hoje o objetivo principal é produzir mais na mesma hectárea que se cultivava o ano passado. O objetivo de estender a fronteira agrícola não é algo que hoje é viável, então temos que desenvolver tecnologias que possam gerar mais alimentos nessa mesma hectárea.”
O especialista também destacou a rápida evolução do setor as grandes mudanças ocorridas. “A tecnologia, que é transversal e aplicável a diversas plantas e contextos genéticos, possibilita que empresas de todos os portes maximizem o potencial de suas sementes, visando um futuro mais produtivo e sustentável para a agricultura global”, conclui.
A tecnologia digital e a ciência dos materiais estão redefinindo os limites da agricultura, proporcionando ganhos de eficiência e sustentabilidade para produtores e pesquisadores. No Congresso de Sementes das Américas, grandes nomes do setor apresentaram as inovações que já são realidade no campo.
Julieta Imperiale, CEO e fundadora da NanoJump Bio, mostrou como a nanotecnologia está entregando soluções mais inteligentes para a nutrição e proteção das plantas. Segundo ela, “é possível desenvolver fertilizantes inteligentes e defensivos mais eficientes, com liberação controlada e direcionada de nutrientes e princípios ativos, reduzindo desperdícios, resíduos e impactos ambientais”. A nanotecnologia também atua no campo genético, facilitando a introdução de novas características e o silenciamento de genes indesejados nas células vegetais.
Já Ivo Krpela, CEO da Pewas, focou nos avanços dos polímeros biodegradáveis e materiais retentores de água para otimizar a irrigação e a umidade do solo. Ele explicou como esses materiais absorvem e liberam água e nutrientes de forma prolongada, “reduzindo a frequência e o volume de água necessária, o que garante maior resiliência das plantas e menor impacto ambiental, por serem biodegradáveis”.
Inteligência artificial é prioritária
A pesquisadora Mariá Amorim, zootecnista com mestrado, doutorado e pós-doutorado em produção e tecnologia de sementes, e fundadora da Seed for Seed, trouxe ao evento uma inovação que promete otimizar o controle de qualidade das lavouras. A pesquisadora apresentou uma tecnologia de inteligência artificial, ´que foi desenvolvida pela sua empresa, capaz de fazer analise e mapeamento de danos em sementes de soja. “O futuro já chegou. É uma inteligência artificial que, baseada em imagens de uma amostra de sementes, analisa em minutos todos os danos e determina a qualidade do lote”, explica.
Esta ferramenta é vital para o produtor rural, pois assegura que cada semente plantada germine, minimizando prejuízos e elevando a produtividade. “A lavoura começa na semente, e uma lavoura de alta produtividade tem que ter uma semente de alta qualidade”, conclui Mariá.
Inovações e responsabilidades no campo
As palestras ainda abordaram os avanços no tratamento de sementes e nas tecnologias que estão transformando o setor. Bioestimulantes, produtos biológicos e melhoramentos genéticos foram apontados como recursos capazes de aumentar o vigor e a resistência das plantas já no início do cultivo.
Outro destaque foram os novos equipamentos de tratamento, que oferecem precisão e eficiência, reduzindo desperdícios e tornando o processo mais sustentável. Essas soluções ampliam a produtividade e atendem à crescente demanda por práticas menos dependentes de químicos convencionais.
Os debates também se voltaram à comunicação no campo, reforçando a importância de narrar a agricultura de forma correta e transparente. Produtores compartilharam visões sobre valor, ligado ao reconhecimento econômico e social de sua atividade; sobre acesso, envolvendo mercados e tecnologias de qualidade; e sobre responsabilidade, entendida como o compromisso de produzir de forma sustentável, preservando o meio ambiente e garantindo alimentos para a sociedade
Por ASSESSORIA